O fim do velho modelo de distribuição de informação - e do novo também

domingo, agosto 23 by Kayo Medeiros , under

A questão não é declarar a hora do óbito, ou mesmo escrever o anúncio de falecimento. Até porque, não me imagino como a pessoa mais indicada pra isso. O curioso, para uma primeira postagem como essa, é que logo hoje li algumas matérias - e posts - afirmando algo que já se mostrava óbvio para todos nós: a maneira como a informação está sendo passada não é das melhores, e não vai sobreviver por muito tempo. A primeira coisa que li (por acaso, já que não frequento o blog) foi no Interney, com esse post aqui. Nele, ele comenta sobre Steve Rubel, diretor da Edelman Digital, que anunciou em junho deste ano que abandonaria o seu blog, trocando-o pelo Posterous, plataforma de lifestreaming de uso simples e desburocratizado: basta enviar seus posts para o e-mail post@posterous.com para que eles sejam publicados, dispensando o preenchimento de cadastros e a memorização de mais um login e senha. Muito bem, não faço idéia de quem é o cara e não estou me importando muito com isso, mas o interessante mesmo foi a justificativa desse belo e faceiro cidadão:

"O formato atual dos blogs precisa de um 'reboot'. Creio que pessoas não têm tempo para ler tanto quanto costumavam ter. Além disso, blogs precisam estar conectados a hubs de redes sociais. O Posterous me permite fazer isso de várias maneiras, inclusive permitindo que meus leitores enviem seus comentários através de Facebook, Twitter, Backtype e Friendfeed."

Ou seja: o cara diz que não adianta você tentar se comprometer com uma plataforma excludente, numa realidade onde TUDO precisa de uma enorme intercomunicação. Os blogs, mesmo os 2.0 (que, pra quem não sabe, são diferentes dos 1.0 porque são a geração onde o público cria conteúdo, ao invés de apenas recebê-lo) acabaram se tornando uma versão "tunada" dos jornais, onde o que se vê são textos e mais textos, com a única diferença que os leitores agoram podem ler notícias e opiniões sem precisar parar o que estão fazendo para abrir aquelas folhas enormes dos jornais (que, venhamos e covenhamos, são um saco). Mais adiante, o tal Rubel enfatiza a busca por ferramentas e formatos menos rígidos de blogar, ressaltando que seu lifestream serve como um ponto de partida para os conteúdos que ele publica em outras redes sociais: YouTube, Flickr, Twitter, entre outros.

Outros que andam mal das pernas - e há muito mais tempo - são os jornais impressos. Li no Forastieri o chamado "The nichepaper manifesto" (no blog da Harvard Business, que chique!). Beleza, o manifesto - que tá em inglês estadunisense boa gente, e que não vou traduzir aqui (se vira e usa o tradutor no google, quem sabe salva...) - fala como os jornais na verdade só são rentáveis por causa dos - pasmem! - leitores, e não dos jornalistas. O querido amigo que assina o manifesto é o "Umair and the Edge Economy Community", e continua explicando várias das falhas mortais do jornais, que ao meu ver, poderiam estar resumidas em uma só: os caras não se contentam. Melhor dizendo, o ego dos caras é tão grande que vaza por onde dá (estou sendo tão delicado hoje, minha gente). O manifesto deixa claro como a falta de comunicação entre as partes tornou-se o tendão de Aquiles da galera da informação industrial, assim como a venda de notícias velhas, duras e engessadas ao invés da transmissão de conhecimento, a falta de habilidades, e o rabo-preso. Segundo eles, os tais "jornais de nicho" correm atrás daquilo que acreditam ser melhor, para publicar da melhor maneira possível, ainda mais porque dificilmente terão compromissos com patrocinadores manipuladores. Lembrando que "jornais de nicho" não significam jornais pequenos, ou mesmo jornais. No termo estão inclusos blogs, microblogs, e toda essa vasta fauna que tem hoje por aí.

Último exemplo: um bilionáriozinho australiano, dono da News Corporation e de sacolas cheias de jornais e emissoras de televisão no mundo inteiro, disse que fornecer jornalismo de alta qualidade na internet por preço zero é burrice. (leia a reportagem completa no Der Spiegel) Jura? Vamos pensar bem, no ponto de vista dos conglomerados de informação: a sua empresa ganha dinheiro vendendo jornal; se você disponibiliza o mesmo conteúdo online, e cada vez mais pessoas largam o impresso e optam pelo online, o que acontece com você? Matemática simples: seu lucro vai cair na mesma proporção que às pessoas correm para o seu site! E nunca, nunca mesmo, aquele bannerzinho lindo e maravilhoso vai te render tanto quanto um anúncio de página inteira. Então, o que nosso amiguinho Rupert Murdoch (o bilionário) vai fazer? Cobrar pelo acesso online! UAU! Descoberta incrível, não é mesmo, Rupert? Ledo engano. O cara nunca deixou de cobrar. Quando todos os outros jornais disponibilizaram acesso gratuito, ele negou. A verdade é que isso nunca teve futuro.

E qual a conclusão disso tudo? Não, os jornais impressos, online e blogs não estão mortos, nem vão acabar tão cedo. Isso porque sempre haverão consumidores para esses veículos. A diferença será na quantidade de consumidores. O caminho passa a ser buscar uma maior integralização e, como dizer, "conectividade" entre os diferentes veículos. O formato precisa ser atualizado, revisto, contemporaneizado. Como tantas vezes foi feito.

Ah, vale a pena ler tudo que tá aí no meio do textos, em especial os links. E esse aqui também, onde é mostrada uma opinião um pouco diferente da minha. Vejamos o outro lado, que tal?

Até!

1 Responses to “O fim do velho modelo de distribuição de informação - e do novo também”

24 de agosto de 2009 às 23:30

Comment by Vanessa Sagossi.

Gostei de mostrar o outro lado no final. Idéia legal.. bjuh!